quarta-feira, 30 de junho de 2010

A Menina que Roubava Livros (Livro)

Existem livros que falamos e falamos sobre ele, mas no fundo, parece que sempre falta algo.
A Menina Que Roubava Livros é assim pra mim. Nunca me canso de falar sobre ele, nunca me canso de emprestá-lo, para depois ter com quem comentar, nunca me canso de reler algumas páginas, ou simplesmente folheá-lo. Por esta razão, aqui vai um post dedicado à ele.

Título Original: The Book Thief

Autor: Markus Zusak
Tema: Romance – Ficção – Nazismo



 “Quando a Morte conta uma história, você deve parar para ler”.

É simplesmente essa frase que você encontrará na contra-capa.
É ela que atiça a sua vontade de ler, de descobri essa história.


Sou suspeitíssima em falar desde livro, afinal, ele é o meu favorito. Ele foi o livro que mais me chamou a atenção sobre infância e nazismo. Mesmo hoje, que já li diversos livros como “O Menino do Pijama Listrado”, que se passa praticamente na mesma época e com o mesmos personagens infantis, A Menina que Roubava Livros tem que Q a mais que os outros não têm. Não é só apenas a lucidez de ler um livro escrito narrado pela Morte, mas pelo desenrolar da historia, pela sinceridade e pela dor. É um livro totalmente enlouquecido no começo. Milhares de pessoas que eu já indiquei esse livro, começaram a ler e pararam, pois os primeiros capitulos são totalmente enigmáticos. Mas se você passar por eles, mesmo sem entender muito, depois tudo se esclarece. Eu super indico pra todo mundo! É um livro muito importante pra mim, não só pela época que eu o li, mas pelas pessoas que, direta ou indiretamente, eu conheci ou mantive mais contato. (não é Daniel? Não é Nat?)
 
Então, aqui vai o primeiro capítulo do livro.
Trecho de A Menina que Roubava Livros,

de Markus Zusak


Morte e Chocolate

Primeiro, as cores.
Depois, os humanos.
Em geral, é assim que vejo as coisas.
Ou, pelo menos, é o que tento.

EIS UM PEQUENO FATO
Você vai morrer.


Com absoluta sinceridade, tento ser otimista a respeito de todo esse assunto, embora a maioria das pessoas sinta-se impedida de acreditar em mim, sejam quais forem meus protestos. Por favor, confie em mim. Decididamente, eu sei ser animada, sei ser amável. Agradável. Afável. E esses são apenas os As. Só não me peça para ser simpática. Simpatia não tem nada a ver comigo.

reação ao fato supracitado
Isso preocupa você?
Insisto — não tenha medo.
Sou tudo, menos injusta.

— É claro, uma apresentação.
Um começo.
Onde estão meus bons modos?

Eu poderia me apresentar apropriadamente, mas, na verdade, isso não é necessário. Você me conhecerá o suficiente e bem depressa, dependendo de uma gama diversificada de variáveis. Basta dizer que, em algum ponto do tempo, eu me erguerei sobre você, com toda a cordialidade possível. Sua alma estará em meus braços. Haverá uma cor pousada em meu ombro. E levarei você embora gentilmente.
Nesse momento, você estará deitado(a). (Raras vezes encontro pessoas de pé.) Estará solidificado(a) em seu corpo. Talvez haja uma descoberta; um grito pingará pelo ar. O único som que ouvirei depois disso será minha própria respiração, além do som do cheiro de meus passos.

A pergunta é: qual será a cor de tudo nesse momento em que eu chegar para buscar você? Que dirá o céu?
Pessoalmente, gosto do céu cor de chocolate. Chocolate escuro, bem escuro. As pessoas dizem que ele condiz comigo. Mas procuro gostar de todas as cores que vejo — o espectro inteiro. Um bilhão de sabores, mais ou menos, nenhum deles exatamente igual, e um céu para chupar devagarinho. Tira a contundência da tensão. Ajuda-me a relaxar.

uma pequena teoria
As pessoas só observam as cores do dia
no começo e no fim,
mas, para mim, está muito claro que o dia se funde através de uma multidão de matizes e entonações, a cada momento que passa.
Uma só hora pode consistir em milhares de cores diferentes.
Amarelos céreos, azuis borrifados de nuvens. Escuridões enevoadas.
No meu ramo de atividade, faço questão de notá-los.
Já que aludi a ele, o único dom que me salva é a distração. Ela preserva minha sanidade. Ajuda-me a agüentar, considerando-se há quanto tempo venho executando este trabalho. O problema é: quem poderia me substituir? Quem tomaria meu lugar, enquanto eu tiro uma folga em seus destinos-padrão de férias, no estilo resort, seja ele tropical, seja da variedade estação de inverno? A resposta, é claro, é ninguém, o que me instigou a tomar uma decisão consciente e deliberada — fazer da distração minhas férias. Nem preciso dizer que tiro férias à prestação. Em cores.


Mesmo assim, é possível que você pergunte: por que é mesmo que ela precisa de férias? De que precisa se distrair?

O que me traz à minha colocação seguinte.

São os humanos que sobram.
Os sobreviventes.
É para eles que não suporto olhar, embora ainda falhe em muitas ocasiões. Procuro deliberadamente as cores para tirá-los da cabeça, mas, vez por outra, sou testemunha dos que ficam para trás, desintegrando-se no quebra-cabeça do reconhecimento, do desespero e da surpresa. Eles têm corações vazados. Têm pulmões esgotados.


O que, por sua vez, me traz ao assunto de que lhe estou falando esta noite, ou esta manhã, ou seja lá quais forem a hora e a cor. É a história de um desses sobreviventes perpétuos — uma especialista em ser deixada para trás.


É só uma pequena história, na verdade, sobre, entre outras coisas:

* Uma menina
* Algumas palavras
* Um acordeonista
* Uns alemães fanáticos
* Um lutador judeu
* E uma porção de roubos


Vi três vezes a menina que roubava livros.

1 comentários:

Teacher Daniel disse...

Meu livro preferido.
Devo muita coisa à ele....

Postar um comentário