sexta-feira, 30 de julho de 2010

Twilight Fans Go Crazy!

Acredito que 95% das garotas do mundo já leram Crepúsculo e sua saga. E destas, 98% em algum momento se apaixonaram por Edward Cullen ou por Jacob.
A onda de febre crepusculoniana não é algo que podemos chamar de saudável, entretanto não trouxe apenas males...
Quantas pessoas não começaram a pegar gosto pela leitura a partir desta saga?
E esses vícios momentâneos sempre existiram, e não vão deixar de existir.
Lembram-se de Harry Potter? História irreal sobre bruxos que deixavam garotas loucas atrás de livros, lançamentos e estréias no cinema. Crepúsculo não é muito diferente.

Mas, assim como qualquer vício, o que estraga algumas coisa são as atitudes das fãs.
Não é legal ver garotinhas de 12 anos gritando "AAAA EDWAARD EU TE AMOO", que entram em comunidades do tipo "Quero ser mordida por um vampiro" ou até "Vampiros são tudo!" só porque o Edward - um vampiro incomum, exceção à regra - é assim, digamos, bonzinho e amável.

Eu mesma assumo que tive minha fase crepúsculo. Sim, eu lí todos os livros, acho o Robert Pattison bonito, e passei pela fase paixão platônica, mas pelo livro, não pela vulgaridade do filme.
Não que o filme seja ruim (pelo menos não crepúsculo, o único que eu vi, porque ainda não tive tempo nem vontade de ver lua nova nem eclipse), mas é que é totalmente diferente ver um filme e ler um livro. O no livro você imagina os personagens, estimula sua criatividade, e acima de tudo seu vocabulário e sua cultura. Filmes, muitos te dão conteúdo, mas cá entre nós, crepúsculo não é um desses...

E como toda crítica deve ser fundamentalizada, Felipe Neto fez um vídeo em seu vlog falando sobre essa onda de uma forma engraçada, sarcástica e recheada de ironia.
Mesmo tendo no meu passado alguns vestígios desta febre, não posso tirar a razão dele, tudo que ele disse é verdade.
O vídeo é engraçadíssimo, assistam!

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Por um eterno e novo verão vermelho!

O que era dor
Ficou lá atrás
Na nossa primavera
Que já não volta mais
Janelas vão se escancarar
E vai entrar a chuva
E as crianças vão dançar...

E assim, inspirada em O Despertar da Primavera, que me vejo pela primeira vez sentindo falta do Ensino Médio.
Não sei se é DPF (Depressão Pré-Faculdade) ou algo assim, mas eu sinto falta. Sinto falta da escola, das aulas, dos amigos, dos não-amigos, dos professores, dos corredores, das salas e carteiras. Sinto falta de levantar cedo todos os dias, pegar lotação cheia, ir ouvindo música, correr quando está chovendo, e chegar atrasada quando a lotação quebra (ou o despertador não toca).
Sinto falta de chegar em pânico na escola e perguntar: O que vai cair na prova?
Ou pior: Você fez a lição? Posso copiar?
Eu sinto falta.
Sinto falta de cantar com a Larissa e a Stéfanie. De morder o André. De ter ataques sobre os Barbixas com a Juliana. De ouvir os babados da Carol. De ouvir as brisas da Camila. E de conversar com tantas outras pessoas, desabafar com a Agatha (e muitas vezes até chorar!).
Sinto falta daquelas provas de química que me davam frio na barriga, e que no final, o resultado era claramente vermelho. Sinto falta da Teacher Sandra gritando "Guys!", ou falando bisteca. Sinto falta das provas da Valéria (que parte de fecha a boca você ainda não entendeu?!) que dava pra ouvir um alfinete caindo no chão, em contraste com as provas do Ralf, que eram praticamente em grupo de 20! Sinto falta daquele japonês que entrou tímido e saiu nosso amigo, Willian, e suas provas que eram um terror, mas de alguma forma, não eram impossíveis de fazer. Sinto falta do professor Nicola mandando eu parar de ler na educação física, ou senão teria vermelha no boletim. Sinto falta das provas da Elaine, principalmente das minhas redações, que de alguma forma, sempre ficavam boas. Sinto falta de tantos professores de matemática que passaram por nós, em especial do Cassiano (um doix treix, treix, doix, um...) e do Mário (que Mário?). Sinto falta das Leis de Murphy do Dario, e suas piadas imorais. Sinto falta do Uilson, do Serginho, da Cristina, e de tantos outros professores que passaram por nós e deixaram um pouco de si. Alguns deixaram muito conteúdo (tipo Valéria), outros... lições pra vida.

Mas o tempo passa, tudo que é bom dura pouco, e é hora de mudar de ares.
Faculdade.
A gente ouve tanto falar durante a escola que tudo é diferente. Mas será que é tão diferente assim?
Professores, amigos, salas, carteiras, provas...
Não pode ser tão diferente assim.
Mas também não deve ser igual.
E aquele tempo, aquela primavera que existia no EM não volta mais.
Mas o verão vermelho que vem por aí é o que dará rumo as nossas vidas.

E vão viver por nós
E vão soltar os nós
E vão cantar
Em todas as manhãs, vão rezar
Vão pedir por um verão vermelho
Um eterno e novo verão vermelho.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

A Menina Que Não Sabia Ler

Lembro-me como se fosse hoje (quem lê pensa que fazem anos!) a primeira vez que vi na vitrine de uma livraria este livro. O título me chamou a atenção, é claro, pela semelhança com o título de um dos meus livros favoritos; A Menina Que Roubava Livros.

Claro que com aquela paixão à primeira vista, e bolsos vazios, não comprei o livro naquela oportunidade. Mas logo depois comprei via internet, entretanto, tive que aposentá-lo na estante, pois estava cheia de livros para vestibular na cabeceira da minha cama!
Mas como Deus é bom, e eu já passei no vestibular, e tenho agora minha vida (ou parte dela) de volta, voltei a ler meus livros.
E então, no topo da lista (cheio de pó e teia de aranha), encontrei A Menina Que não Sabia Ler.
Livros de suspense e romances policiais nunca foram meus favoritos, mas isso vem mudando.. e este livro teve sua parcela de contribuição nisso...
A sinopse da contra-capa é a seguinte:
Em uma distante e escura mansão, onde nada é o que parece, a pequena Florence é negligenciada pelo seu tutor e tio. Guardada como um brinquedo, a menina passa seus dias perambulando pelos corredores e inventando histórias que conta a si mesma, em uma rotina tediosa e desinteressante. Até que um dia Florence encontra a biblioteca proibida da mansão. E passa a devorar os livros em segredo.Mas existem mistérios naquela casa que jamais deveriam ser revelados. Quem eram seus pais? Por que Florence sonha sempre com uma misteriosa mulher ameaçando Giles, seu irmão caçula? O que esconde a srta. Taylor? E por que o tio a proibiu de ler? Florence precisa reunir todas as pistas possíveis e encontrar respostas que ajudem a defender o irmão e preservar sua paixão secreta pelos livros – únicos companheiros e confidentes – antes que alguém descubra quem ousou abrir as portas do mundo literário. Ou será que tudo isso não seria somente delírios de uma jovem com muita imaginação?

Bom, comecei a ler sem nenhum tipo de pré-conceito porque nunca tinha ouvido falar no livro, nehuma crítica, nenhum elogio. E gostei, gostei muito do livro, da história, do enredo, dos personagens, de tudo! Os detalhes, o suspense, os links entre os mistérios... tava tudo ótimo!
Tava tudo ótimo, no climax da historia, mas também quase no finalzinho do livro...
E foi ai que eu me decepcionei um pouco.
O final é bom, sim, muito bom.
Mas foi meio atropelado. Dava pra ter saboreado mais os detalhes, como durante o livro acontece, mas não, a impressão que dá é que o autor estava com pressa de terminar o livro (coisa que já ouvi falar sobre meus textos...).
Mas, (porém, entretanto, todavia...) mesmo com esse pequeno problema técnico, eu recomento o livro. É muito bom. E (não sei se era a intenção) fica cheio de perguntas no final (tipo quando você termina de ler Dom Casmurro e tem aquela eterna discussão sobre se Capitu traiu ou não Bentinho!), porque não tem como saber se o narrador personagem foi totalmente sincero ou não, você fica um pouco na dúvida.
Gostei, gostei e gostei!
Podia ser melhor, mas ele não deixa de ser MUITO BOM!

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Fotografia

Sim, eu descobri que eu gosto de fotografia.
E gosto MUITO.
Não fiz curso. Não tenho câmera profissional (ainda!).
Mas é um dos meus hobbies favoritos!

E como não tinha nada pra fazer esse final de semana, resolvi fotografar.
Mas fotografar o quê?

Como eu estava cercada de crianças, essa foi uma boa inspiração!

Crianças. Todos nós já fomos.
E baseado nessa simplicidade tão complexa, colocarei alguns pensamentos importantes sobre elas, e algumas fotos do meu "ensaio fotográfico".

As crianças acham tudo em nada, os homens não acham nada em tudo.

Educai as crianças, para que não seja necessário punir os adultos.

A melhor maneira de tornar as crianças boas, é torná-las felizes.

As crianças são quase sempre felizes, porque não pensam na felicidade. Os velhos são muitas vezes infelizes, porque pensam demasiadamente nela.

Crianças gostam de fazer perguntas sobre tudo. Mas nem todas as respostas cabem num adulto.

Não ter nada para fazer é a felicidade das crianças e a infelicidade dos anciãos.

O que se faz agora com as crianças é o que elas farão depois com a sociedade.

As crianças não têm passado, nem futuro, e coisa que nunca nos acontece, gozam o presente.

De todos os presentes da natureza para a raça humana, o que é mais doce para o homem do que as crianças?

Mais vale sermos expulsos do convivio dos homens que detestados pelas crianças.

terça-feira, 13 de julho de 2010

O Despertar da Primavera

O Despertar da Primavera é um musical lindo. É um lindo bem diferente do lindo de Cats.
Particularmente, gosto mais das músicas e do enredo de O Despertar. Mas claro que sem desprezar os outros musicais...

Meu primeiro contato com O Despertar foi ainda na seleção do elenco, quando o Will estava viciado nisso e vivia me mandando vídeos deles (bons tempos).
Dai, quando entrou em cartaz no Rio, vi alguns outros vídeos, e quando veio pra São Paulo, queria porque queria ver.



E então, certo dia, estava lá Willian Paz no twitter, até que ganhou um par de ingressos para ver o espetáculo. Como bom amigo, me chamou, e lá fomos nós para o Teatro Sérgio Cardoso (contar a aventura que foi chegar lá e voltar de ônibus é história pra outro dia).
Tirando o fato que "cavalo dado não se olha os dentes", porque ficamos láááá no fundo, foi muito muito muito muito muito bom (o teatro nem é tão grande assim, e não estava lotado, então mesmo de longe, deu pra ver MUITO bem).
Primeiramente falando do elenco; não deve ser fácil fazer uma peça com uma reeenca de jovens e apenas dois adultos. Os adultos estavam maravilhosamente bem, e o jovens não estavam muito atrás. Parece que eles nasceram pra fazer aquela peça, os personagens se encaixaram perfeitamente.
E as vozes? Alguém me explica porque eles cantam TÃO bem? (ou porque eu canto tão mal?)
As letras (e a orquestra em si) são ótimas! São bem rock, e expressam tudo que os jovens passam.
O enredo, sem palavras, é tão atual que você esquece que a história se passa há anos atrás em algum país da europa. A montagem é incrível.

Atualmente está em cartaz com a sua segunda temporada no Teatro Frei Caneca. Curta temporada.
E eu estou louca pra (re)ver esse maravilhoso musical.
Então, se não tiver nada pra fazer, aqui fica a minha dica; Veja O Despertar da Primavera.
Fique ligado no twitter e no orkut que sempre eles estão sorteando convites!

Um pouco sobre O Despertar:
O Despertar da Primavera é um musical brasileiro de Charles Möeller e Claudio Botelho, adaptado do original estadunidense, Spring Awakening, que, por sua vez, é uma adaptação para o formato musical da peça homônima de Frank Wedekind, de 1891. A obra trata do fim da inocência durante a juventude através da descoberta tumultuosa da sexualidade, abordando temas como gravidez na adolescência, homossexualidade, incesto e suicídio.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

CATS

Este domingo tive o incrível privilégio de ver o musical Cats na faixa.
E eu, como fã de musicais, fiquei babando com aquele show, literalmente falando.
É engraçadíssimo como antes de assistir eu ficava falando: Cats é muito caro, claro que teatro é isso, teatro é aquilo, mas pagar quase 300 reais pra ver um musical é exagero...
Retiro tudo o que eu disse, tem coisas que VALEM a pena.
E ver Cats (lá da frente, por esse valor) é uma delas.

Eu não tive muito tempo pra ficar naquela ansiedade de ver o musical, porque ganhei o convite na sexta, e era somente para o domingo próximo, então confesso que não estava suuuuper empolgada...
Dai então, a galera do ETA que ganhou se encontrou no metro São Joaquim e lá fomos nós.
Foi indescritivelmente espetacular (acho que é mais ou menos isso).
Só foi sacanagem pagar 4 reais pra beber 200ml de àgua, mas tudo bem né...

Vou assumir que no comecinho o espetáculo não tinha tomado completamente minha atenção. Estava um pouco parado, um pouco cansativo, mas mesmo assim lindo de se ver. As músicas, a orquestra, as luzes, o cenário, e principalmente a coleografia (que preparação corporal INCRÍVEL eles têem), estava lindo de morrer, não dava pra parar de olhar, porém a história estava meio paradinha.
Por ser um espetáculo de duas horas e meia, por sí só deveria ser cansativo, mas não é. E de fato, o segundo ato é belíssimo, me peguei de queixo caído alguns pares de vezes.
Quando acabou, deu até vontade de chorar...

Pra mim, o Gato Mágico (Mr Mistofoles) foi a melhor cena. Foi incrível, fiquei de queixo no chão o tempo todo!
Aqui vai uma partezinha do vídeo, que nem se compara de ver aquilo AO VIVO.



Agora sobre Cats;
Cats é um musical composto por Andrew Lloyd Webber que teve sua estréia em Londres em 1981, mas que se consagrou por mais de vinte anos em cartaz na Broadway. Para realizar esse espetáculo, Llyod Weber musicou uma série de poemas de T. S. Eliot sobre gatos e acrescentou um roteiro, onde Memory foi uma das suas músicas de maior sucesso.
No musical, os gatos jellicle, palavra que só eles sabem o seu significado, se reúnem uma vez ao ano para que seu líder escolha um e apenas um deles para ir a um lugar melhor. Entre os personagens mais marcantes estão Munkustrap, o narrador da história, e Grizabela, the glamour cat.
Essa obra é tida como uma das maiores produções da Broadway, e já foi vista por mais de 50 milhões de apreciadores, num total de 45 mil apresentações.
O musical teve sua estréia no Brasil no dia 4 de março de 2010, no Teatro Abril, em São Paulo, contando no elenco com os atores e cantores Saulo Vasconcelos como Old Deuteronomy, Sara Sarres como Jellylorum, Julio Mancini como Munkustrap, Cleto Baccic como Rum Tum Tugger e Paula Lima como Grizabella. A adaptação das letras ficou por conta de Toquinho.


Curiosidades;
  • Cats foi o musical que mais tempo esteve em cartaz no New London Theatre: 21 anos.
  • A música "Memory" já foi gravada por mais de 170 artistas!
  • Entre os mais de 30 prêmios que já lhe foram atribuídos, contam-se sete Tony Awards e um Grammy.
  • A música "Memory" garantiu a Susan Boyle a vitória na primeira semi-final do show britânico Britain's Got Talent.

terça-feira, 6 de julho de 2010

A Sombra Do Vento

"- Este lugar é um mistério Daniel, um santuário. Cada livro, cada volume que vês, tem alma. A alma de quem o escreveu e a alma dos que o leram e viveram e sonharam com ele. Cada vez que um livro muda de mãos, cada vez que alguém desliza o olhar pelas suas páginas, o seu espírito cresce e torna-se forte.Mesmo os livros que se perderam no tempo, os que já ninguém se lembra, vivem para sempre, esperando chegar um dia as mãos de um novo leitor, um novo espírito."

"Daniel sentiu-se triste ao recolocar o livro na estante do Cemitério dos Livros Esquecidos. Tinha descoberto todo um universo, num só livro, e dezenas de milhares ainda ficariam inexplorados, páginas abandonadas como se fossem almas sem dono, enquanto o mundo lá fora estava a perder todas estas memórias."

Este também é um dos livros que marcaram meus últimos anos. Meu primeiro contato com Zafón não foi muito bom - deixei A Sombra Do Vento por meses a fio alí, enconstado e esquecido, com apenas alguns pares de páginas lidos. Mas quando realmente entrei de cabeça na história, não dava para parar de ler.
Conhecer aquela Barcelona, a Livraria Sempere, O Cemitério dos Livros Esquecidos, e Julian Carax é um privilégio que Zafón nos proporciona.
Como ele próprio diz "Ler um romance é como passar férias no cérebro do autor."
E, como todo livro, têm partes que ficam na memória. E aqui estão algumas delas:

"Numa ocasião ouvi um cliente habitual comentar na livraria do meu pai que poucas coisas marcam tanto um leitor como o primeiro livro que realmente abre caminho até ao seu coração. Aquelas primeiras imagens, o eco dessas palavras que julgamos ter deixado para trás, acompanham-nos toda a vida e esculpem um palácio na nossa memória ao qual, mais tarde ou mais cedo - não importa quantos livros leiamos, quantos mundos descubramos, tudo quanto aprendamos ou esqueçamos-, vamos regressar. Para mim aquelas páginas enfeitiçadas serão sempre as que encontrei entre os corredores do Cemitério dos livros esquecidos."

"Um segredo vale o quanto valem aqueles dos quais temos de guardá-lo. Ao acordar, meu primeiro impulso foi contar sobre a existência do Cemitério dos Livros Esquecidos ao meu melhor amigo. Tomás Aguilar era um amigo de escola que dedicava seu tempo livre e seu talento a inventar uns aparatos bastante engenhosos mas de pouca aplicação, como o dardo aerostático e o pião dínamo. Ninguém melhor do que Tomás para dividir comigo aquele segredo. Sonhando acordado, eu imaginava meu amigo Tomás e eu munidos de lanternas e bússola, prestes a desvendar os segredos daquela catacumba bibliográfica. Logo, lembrando-me da promessa, decidi que as circunstâncias aconselhavam o que, nos romances de intriga policial, denomina-se outro modus operandi. Ao meio-dia, abordei meu pai para questioná-lo sobre aquele livro e sobre Julián Carax, que no meu entusiasmo tinha imaginado célebres no mundo inteiro. Meu plano era juntar toda a sua obra e lê-la de cabo a rabo em mais ou menos uma semana. Qual não foi minha surpresa ao descobrir que meu pai, livreiro com tradição e bom conhecedor dos catálogos editoriais, nunca tinha ouvido falar de A Sombra do Vento ou de Julián Carax. Intrigado, meu pai examinou a página com os dados da edição."

"Nunca tinha ouvido mencionar aquele título ou o seu autor, mas não me importou. A decisão estava tomada. Por ambas as partes. Peguei no livro com extremo cuidado e folheei-o, deixando esvoaçar as suas páginas. Libertado da sua cela na estante, o livro exalou uma nuvem de pó dourado. Satisfeito com a minha escolha, voltei pelo mesmo caminho ao longo do labirinto levando o meu livro debaixo do braço com um sorriso impresso nos lábios. Talvez a atmosfera feiticeira daquele lugar tivesse levado a melhor sobre mim, mas tive a certeza de que aquele livro tinha estado ali à minha espera durante anos, provavelmente desde antes de eu nascer.

Naquela tarde, de volta ao andar da Rua Santa Ana, refugiei-me no meu quarto e decidi ler as primeiras linhas do meu novo amigo. Antes que me apercebesse, tinha caído dentro dele sem remédio. 0 romance relatava a história de um homem em busca do seu verdadeiro pai, que nunca tinha chegado a conhecer e cuja existência só descobriria graças às últimas palavras que a mãe pronunciava no seu leito de morte. A história daquela busca transformava-se numa odisseia fantasmagórica na qual o protagonista lutava por recuperar uma infância e uma juventude perdidas, e na qual, lentamente, descobríamos a sombra de um amor maldito cuja lembrança o havia de perseguir até ao fim dos seus dias. À medida que avançava, a estrutura do relato começou a lembrar-me uma daquelas bonecas russas que contêm inumeráveis miniaturas de si mesmas no interior. Passo a passo, a narração decompunha-se em mil histórias, como se o relato tivesse penetrado numa galeria de espelhos e a sua identidade se cindisse em dúzias de reflexos diferentes e ao mesmo tempo um só. Os minutos e as horas deslizaram como uma miragem. Horas mais tarde, aprisionado pelo relato, mal dei pelas badaladas da meia-noite na catedral a repicar ao longe. Enterrado na luz de cobre que o candeeiro flexível projectava, mergulhei num mundo de imagens e sensações como nunca as tinha conhecido. Personagens que se me afiguraram tão reais como o ar que respirava arrastaram-me para um túnel de aventura e mistério do qual não queria escapar. Página a página, deixei-me envolver pelo sortilégio da história e pelo seu mundo até que o sopro do amanhecer acariciou a minha janela e os meus olhos cansados deslizaram pela última página. Deitei-me na penumbra azulada do alvorecer com o livro sobre o peito e escutei o rumor da cidade adormecida a gotejar sobre os telhados salpicados de púrpura. 0 sonho e a fadiga batiam à minha porta, mas resisti a render-me. Não queria perder o feitiço da história nem dizer ainda adeus aos seus personagens."

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Melhores vídeo-clipes

Inspirada pelo post do Daniel, pensei em colocar aqui meu Top 5 de Clipes, porque é algo fácil, prático e simples. (e autoexplicativo)

So, here we go!

QUINTO LUGAR;


QUARTO LUGAR;


TERCEIRO LUGAR;


SEGUNDO LUGAR;


PRIMEIRO LUGAR;

quinta-feira, 1 de julho de 2010

O Caçador de Pipas


Era uma vez... As histórias maravilhosas começam assim. Não importa o tamanho delas. Se começam por era uma vez, são sempre maravilhosas.
Pois era uma vez um homem. Um homem pobre que de precioso só tinha um cálice.
Nele, ele bebia a água do riacho que passava próximo à sua casa. Nele, bebia leite, quando o conseguia, em troca de algum trabalho.
Era pobre, mas feliz. Feliz com sua esposa, que o amava. Feliz em sua pequena casa, que o sol abraçava nos dias quentes, tornando-a semelhante a um forno.
Feliz com a árvore nos fundos do terreno, onde escapava da canícula.
Saía pelas manhãs em busca de algum trabalho que lhe garantisse o alimento a ele e à esposa, a cada dia.
Assim transcorria a vida, em calma e felicidade. Nas tardes mornas, quando retornava ao lar, era sempre recebido com muita alegria.
Era um homem feliz. Trazia o coração em paz, sem maiores vôos de ambição.
Então, um dia... Sempre há um dia em que as coisas acontecem e mudam o rumo da História.
Pois, nesse dia, nem ele mesmo sabendo o porquê, uma lágrima caiu de seus olhos, dentro do cálice.
De imediato, o homem ouviu um pequeno ruído, como de algo sólido, que bateu no fundo do recipiente.
Olhou e recolheu entre os dedos uma pérola. Sua lágrima se transformara em uma pérola.
Então, o homem pensou que poderia ficar muito rico se chorasse bastante.
Como não tinha motivos para chorar, ele começou a criá-los. Precisava se tornar uma pessoa triste, chorosa, para enriquecer.
Com o dinheiro da venda das pérolas pensava comprar lindas roupas para sua esposa, uma casa mais confortável, propriedades, um carro.
E assim foi. Ele começou a buscar motivos para ficar triste e para chorar muito.
Conseguiu muitas riquezas. Ele poderia tornar a ser feliz. No entanto, desejava mais.
As pequenas coisas que antes lhe ofertavam alegrias, agora, de nada valiam.
Que lhe importava o raio de sol para se aquecer no inverno? Com dinheiro, ele mandou colocar calefação interna em toda sua residência.
Por que aguardar os ventos generosos para arrefecer o calor nos dias de verão? Com dinheiro, ele pediu para ser instalado ar condicionado em toda a sua casa.
E no carro, e no escritório que adquiriu para gerir os negócios que o dinheiro gerara.
E a tristeza sempre precisava ser maior. Do tamanho da ambição que o dominava.
Nunca era o bastante. Os afagos da esposa, no final do dia e nos amanheceres de luz deixaram de ser imprescindíveis.
Ele não podia perder tempo. Precisava chorar. Precisava descobrir fórmulas de ficar mais triste e derramar mais lágrimas.
Finalmente, quando o homem se deu conta, estava sem esposa, sem amigos. Só... Com seu dinheiro, toda sua imensa fortuna.
Chorando agora, estava tão desolado, que nem mais se importava em despejar o dique das lágrimas no cálice.
A depressão tomara conta dele e nada mais tinha significado.
A história parece um conto de fadas. Mas nos leva a nos perguntarmos quantas vezes desprezamos os tesouros que temos, indo à cata de riquezas efêmeras.
Pensemos nisso e não desperdicemos os valores verdadeiros de que dispomos. Nem pensemos em trocá-los por posses exageradas.
A tudo confiramos o devido valor, jamais perdendo nossa alegria.
Haveres conquistados à troca de infelicidade somente geram infelicidade.
 
Existem livros que marcam a nossa vida, ou por um personagem ou por uma citação, e O Caçador de Pipas é um desses livros. Então aqui vão as minhas citações favoritas deste livro.
 
Não sabia com que objetivo o outro garoto estava competindo, talvez só para exibir seus dotes. Mas para mim, aquela era a única chance de me tornar alguém que era olhado, e não apenas visto; que era escutado e não apenas ouvido. Se existia um deus ele ia guiar o vento, deixar que soprasse para mim, e assim, com um puxão na corda, eu ia me livrar da minha dor, dos meus anseios. Tinha agüentado muito, chegado longe demais. E de repente, em um piscar de olhos a esperança virou certeza. Eu ia ganhar. era só uma questão de tempo.
 
...existe apenas um pecado, um só. E esse pecado é roubar. Qualquer outro é simples mente uma variação do roubo.
— Quando você mata um homem, está roubando uma vida — disse baba.
— Está roubando da esposa o direito de ter um marido, roubando dos filhos um pai.
Quando mente, está roubando de alguém o direito de saber a verdade.
Quando trapaceia, está roubando o direito à justiça.
— Não há ato mais infame do que roubar, Amir — prosseguiu ele. — Um homem que se apropria do que não é seu, seja uma vida ou uma fatia de naan...
Cuspo nesse homem...

Tinha sido apenas um sorriso, e nada mais. As coisas não iam se ajeitar por causa disso. Aliás, nada ia se ajeitar por causa disso. Só um sorriso. Um sorriso minúsculo. Uma folhinha em um bosque, balançando com o movimento de um pássaro que alça vôo. Mas me agarrei àquilo. Com os braços bem abertos. Porque, quando chega a primavera, a neve vai derretendo floco a floco, e talvez eu tivesse simplesmente testemunhado o primeiro floco que se derretia.

Quanto tempo demora? - perguntou ele.

- Não sei. Um pouco.
Sohrab deu de ombros e voltou a sorrir, desta vez era um sorriso mais largo.
- Não tem importância. Posso esperar. É que nem maçã ácida.
- Maçã ácida?
- Um dia, quando eu era bem pequenininho mesmo, trepei em uma árvore e comi uma daquelas maçãs verdes, ácidas. Minha barriga inchou e ficou dura feito um tambor. Doeu à beça. A mãe disse que, se eu tivesse esperado as maçãs amadurecerem, não teria ficado doente. Agora, quando quero alguma coisa de verdade tento lembrar do que ela disse sobre as maçãs.
 
Ela disse: "Estou com tanto medo..." E eu perguntei: "Por quê?" Aí, ela respondeu: "Porque estou me sentindo profundamente feliz, Dr. Rasul. E uma felicidade assim é assustadora." Voltei a perguntar porquê, e ela prosseguiu: "Só permitem que alguém seja assim tão feliz se estão se preparando pra lhe tirar algo."




Sempre dói mais ter algo e perdê-lo do que não ter aquilo desde o começo.
 
Por você, eu faria isso mil vezes