terça-feira, 14 de setembro de 2010

Olhar e Ver

Qual é a diferença entre OLHAR e VER?

No nosso dia-a-dia, olha e ver possuem a mesma denotação... "Veja só esse livro", "Olha só aquele quadro". Não existe muita diferença, não é mesmo?

Mas OLHAR e VER, numa análise mais profunda, não são, de modo algum, sinônimos. Muitos podem olhar, mas poucos vêem de fato as coisas como são...

Está preparado para uma surpresa? (talvez não tão surpresa assim, depende se você está acostumado a olhar e não ver)
Algumas (muitas) pessoas têm olhos, mas não vêem. E outras vêem, mas são cegas.

Você pisca vinte e cinco vezes por minuto. Cada piscada leva aproximadamente um quinto de segundo. Portanto, se você faz uma viagem de automóvel que dura dez horas, a uma velocidade de 65 quilômetros por hora, você dirige aproximadamente 32 quilômetros de olhos fechados.

Pois um fato muito mais surpreendente que este é que algumas pessoas passam suas vidas de olhos fechados.

Elas olham, mas não enxergam realmente… não questionam… a visão é presente, mas a percepção é ausente. Se a vida fosse uma pintura, veriam as cores, mas não a genialidade das pinceladas. Se fosse uma viagem, notariam a estrada, mas não a majestosa e tremenda paisagem. Se fosse um poema, leriam o que está escrito na página, mas perderiam a paixão do poeta.

As pessoas mais inteligentes podem às vezes estar cegas a uma visão maior. Até o grande Mark Twain teve dificuldade em discernir entre boas e más visões. Apesar da sua inteligência, ele foi apanhado pela cegueira.
Uma tarde, Twain recebeu a visita de mais um homem em busca de investidores – um inventor carregando debaixo do braço uma engenhoca de aparência estranha. Ansioso e com bastante convicção, o homem explicou o seu invento ao escritor, que ouviu polidamente, mas no final disse que teria que recusar; já havia se queimado muitas vezes.
- “Mas não estou pedindo que o senhor invista uma fortuna”, o visitante alegou. “Pode ter a participação que desejar por 500 dólares”. Ainda assim, Mark Twain sacudiu a cabeça. Não estava disposto a se arriscar em uma invenção que não fazia nenhum sentido para ele. Quando o inventor resolveu ir embora com sua máquina, o escritor o chamou:
- “Como é mesmo o seu nome?”
- “Bell”, o homem respondeu, com um traço de melancolia na voz, “Alexander Bell”.

As pessoas sem perspicácia habitam principalmente no reino do óbvio… do esperado… do essencial...do visível. As dimensões que as interessam são compridas e largas, mas não profundas. Entenda que isso não é uma crítica às pessoas que não conseguem se aprofundar… mas as que conseguem – e não querem. Querer ver as coisas como de fato são depende apenas e inteiramente de cada um.

Olhar é fácil. É necessário apenas ter os olhos para que isso aconteça.
Ver requer sensibilidade. Nós não vemos apenas com os olhos, mas vemos com o coração.

2 comentários:

Catarina Barreto disse...

Tudo isto é verdade! Adorei a crónica, esta distinção entre o olhar e o ver é que nos distingue entre ser um assitente da vida ou um participante... simplesmente mágnifico. =)

CB disse...

*assistente

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