terça-feira, 23 de novembro de 2010

O último vôo.

Daqui desse momento
Do meu olhar pra fora
O mundo é só miragem
A sombra do futuro
A sombra do passado
Assombram a paisagem.

Não é fácil ter que se despedir de alguém.

Não é fácil desprender-se daquilo que se ama...



Quando decidi fazer parte da Cia de Teatro Tal&Pá, eu apenas pensava que seria um desafio passar uma temporada lá. Eu estava errada. O real desafio é ter que sair depois.

Quando se cria um laço afetuoso, um vínculo, uma paixão, doi demais ter que se desfazer dela...
E eu ví, e senti essa dificuldade neste último domingo.
Dia 21/11 nosso Fernão, Francisco, e todas as outras gaivotas voaram pela última vez. Pelo menos eu, durante a última apresentação, ainda não tinha entendido que aquela era realmente a última vez. Era só aquela. Dalí pra frente, só na nossa memória.

"Nós nos veremos de novo, meu amigo, nós nos veremos de novo..."



Quando acabou, tudo que eu conseguia pensar era "não pode acabar, não agora.".

Mas era chegada a hora.
Não só tinha acabado a temporada de Voando Para o Alto, mas também a minha participação no grupo.
E ir até o centro do círculo, na frente daquelas quase quarenta pessoas que foram minha família este ano, e ter que dizer adeus, foi difícil.
Na verdade, difícil é uma palavra com uma dimensão muito minimizada para expressar o que realmente se sente naquele momento.

Depois da despedida, o grito de guerra.
TAL & PÁ / TAL & PÁ / TAL & PÁ / YEAH! VÁ.
Foi o último . E se foi pra sempre.



Mas aquilo realmente não foi o pior. O mais doloroso foi o momento de tirar nossas asas.
"quando vocês terminarem, vão descobrir que ainda podem voar sem elas"

Foram tantas alegrias ao vestir as luvas durante tantas apresentações, que foi revertida em tristeza na hora de tirar a magia do vôo daqueles simples panos. Aquelas bandeiras, que foram nossas asas, agoras são apenas pedaços de pano...
Chorei muito. Porque doia de verdade.

"vocês ainda podem voar sem elas..."


Sim, nós podíamos, e podemos. Mas era tão mais legal voar com o grupo.
Mas a hora de deixar o ninho para voar por sí só.

Tantos momentos, tantas histórias, tantas risadas, tantas discussões, tantas coisas, que agoram só ficaram gravadas na memória.
Inesquecíveis, é claro.
Guardadas pra sempre.



Quem vai virar o jogo
E transformar a perda
Em nossa recompensa
Quando eu olhar pro lado
Eu quero estar cercado
Só de quem me interessa.


2010 sem dúvida foi um ano muito importante pra mim. Tantas coisas aconteceram, todas importantes e singluares, mas só agora, no final do ano, que vendo numa perspectiva maior, posso dizer com convicção que o que marcou, foi sem dúvida, o Tal&Pá.

Às vezes é um instante
A tarde faz silêncio
O vento sopra a meu favor
Às vezes eu pressinto e é como uma saudade
De um tempo que ainda não passou
Me traz o seu sossego
Atrasa o meu relógio
Acalma a minha pressa
Me dá sua palavra
Sussurra em meu ouvido
Só o que me interessa.


O melhor de tudo não é o que passou, mas sim o que ficou.
As lembranças.
As amizades.
Sim, eu fiz amigos de verdade. Pessoas que sei que posso contar quando precisar.
Ganhei novos irmãos.



A lógica do vento
O caos do pensamento
A paz na solidão
A órbita do tempo
A pausa do retrato
A voz da intuição
A curva do universo
A fórmula do acaso
O alcance da promessa
O salto do desejo
O agora e o infinito
Só o que me interessa.

Só tenho que agradecer a todos que de alguma forma contribuiram pra isso.
Muito obrigada!
Eu NUNCA vou esquecer.



TAL&PÁ ♥

1 comentários:

Weslley Talaveira disse...

Oiee Ana!

Como eu já te disse, essa peça foi uma das melhores que já assisti.

Além do elenco impecável, a mensagem da peça é muito profunda, ao falar que somos livres, mas muitas vezes preferimos nos manter presos na certeza a enfrentar os desafios da liberdade.

É uma pena a peça acabar. Uma pena mesmo.

Estão todos de parabens! Quem adaptou, dirigiu, o elenco, vc, todos!

Bái!

Postar um comentário